Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/195

O grelo da palmeira, e a tosca fruta,
Que alguma árvore brota ali nascida,
Por menos venenosa conhecida,
Enquanto os brutos animais a comem
(Tanto dos brutos aprendera o homem!).

Tornando às praias da infeliz Cartago
O triste resto do troiano estrago,
Tal se consola na fatal ruína,
Que pode a Musa celebrar latina.

Longe de Europa os provimentos ficam,
Nem os fortes cavalos, que se aplicam
À condução dos víveres, se atrevem
A romper os caminhos; mal se devem
Pequenas cargas aos robustos ombros
Dos domésticos índios: se os assombros
Desperta em vós esta fatal penúria,
Ó Generais da Europa, nobre injúria
Concebe o meu Herói; ali sentado
Entre os mais companheiros, rodeado
Sem distinção alguma, ou já na mesa,
No leito, ou no quartel, ou junto à acesa
Chama, em que esperam reparar o frio,
Tem toda a autoridade, todo o brio
Posto no zelo só, na vigilância,
Com que prova os esforços da constância,
Esquecido de si e da grandeza,
Por ver o fim da cometida empresa.