Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/227

Cume da rocha se estendia, e nada
Mais que a sombra na lôbrega morada
Se deixa perceber por tudo quanto
Detivera ao Herói no estranho encanto.

Ao passo que se assusta e se entristece
Das imagens que vira, restablece
O espírito no amparo prometido
Do Gênio, em quem contempla introduzido
O influxo de alguma alta inteligência,
Que se encobre dos homens na aparência.

Alegre sai da nuvem, que desata,
E no arcano mais íntimo recata
O que ouve e vê, notando os companheiros;
Que é isto, diz, chegastes mui ligeiros,
Vós, Padre, e vós, Garcia! A vossa empresa
Talvez se conseguiu com mais presteza
Do que eu tinha esperado: em doce laço,
Dizei, já vive Aurora? Vive Argasso?

Ah! Senhor, diz Fialho (que Garcia,
Os olhos rasos d'água, mal podia
Falar, e quase absorto o Herói saúda),
O caso é tão funesto, que na muda
Mágoa só pode cabalmente ouvir-se.

Saímos há seis dias; descobrir-se
A Aldeia pouco já se começava;
Aos acenos de Argasso festejava
O Monaxós alegre a nossa vinda;
Não tardou de saber a crua Eulinda,
Rival de Aurora, o firme pensamento
Do meditado Santo Sacramento;
Conspirou em seu dano, e de ira cheia
A cova