Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/247

Hão de brilhar os séculos vindouros
Com esta fina pedra; em abundância
Vencerão os que vêm de outra distância;
[E do Indo será menor a gloria,]
Quando vir apagar sua memória,
Nas terras onde o Sol iguala o dia,
Do meu Jaquitinhonha, a onda fria.
Sobre grossos canais ao alto erguidas
As correntes do Rio, e divertidas
Da margem natural, darão entrada
À industriosa mão, que já rasgada
Uma penha, e mais outra, faz que a terra
Descubra aos homens o valor que encerra.
De ti, ó Rei, das tuas Mãos só fio
Romper o seio do empolado Rio.

As pedras amarelas, e encarnadas,
De que estão essas taças coroadas
Produz o Itatiaia; aquele Rio,
Que vai buscar com plácido desvio
Outro, que do guará, purpúrea ave,
Na língua pátria o nome tem suave;
[Ele por vários córregos girando]
E juntando as correntes, vai formando
O grande Rio Doce; de Gualacho
Nos futuros auspícios talvez acho
Que um pequeno ribeiro o nome guarda.
Nas margens suas de nascer não tarda
O grato engenho, que decante um dia
As memórias da Pátria, e de Garcia;
Que levante Albuquerque sobre a Fama,
Que a Vila adorne de triunfante rama,
E dos pátrios Avós louvando a empresa,
Sobre o estrago dos anos deixe acesa
A memória defeitos tão gloriosos;
Crescei para o cercar, louros famosos.