Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/261

Das aguçadas farpas: volta Argante
Colérico, soberbo e triunfante
Sobre os desprevenidos que acompanham
Sem armas ao seu Rei; todos se apanham
Presos às mãos das emboscadas; morrem
Imensos índios; a fugir recorrem,
Mas a gente que às costas lhes ficava,
O resto, o infeliz resto destroçava.

Já mortos os três índios, lançam terra
Sobre os seus corpos; uma só urna encerra
O mísero despojo. O Céu procura
Vingar o grave horror: da sepultura
Vê-se brotar uma árvore, que verte
Cheiroso sangue. O caso se converte
Em fabulosa história, e se acredita
Que Blázimo, a quem segue esta desdita,
Das mesmas flores de que a testa ornara,
E do seu sangue a cor e o cheiro herdara;
E que o Céu testemunhos multiplica,
Multiplicando os troncos; assim fica
A tradição nos nacionais guardada;
O Índio que me conta a dilatada
História diz-me, então, que mal segura
É sempre a fé que o inimigo jura.

Ouve Albuquerque o caso, e não ignora
Que alto mistério dissimula agora
Em suas vozes Bueno; tem previsto
Quanto o nome do Rei se vê malquisto
Entre os Chefes do povo levantado;
E trazendo em memória o já passado
Encontro adulador, que de Fernando
Acobardara a entrada, então chamando
Os membros principais, que arrebatava
A fanática idéia, assim falava: