Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/265

Deixa que em teu obséquio a empresa tome
De ir já desentranhando do meu seio
Os mármores mais finos; nisto veio
Pulando desde o centro um Padrão liso
Da mais subida massa; eu já diviso
Nele entalhadas do cinzel agudo
As Régias Armas; tanto ao destro estudo
De Praxíteles não devera a idade:
Sobre o quadro da base à eternidade
Se recomenda a estampa; ao alto erguida
Sobre a coluna, a ponta está partida
De um aguçado alfanje; assim denota
Que aos crimes ameaça, e o sangue esgota
Dos que entregues à pérfida maldade
Desconhecem as leis da humanidade.

Este Padrão no meio se coloca
Da Régia Praça, que os Céus provoca
Soberba torre em que demarca o dia
Volúvel ponta, e o Sol ao centro guia.

De férreo pau já sobe, e já se estende
Magnífico edifício, onde pertende
A Deusa da justiça honrar o assento.
Aqui das penas no fatal tormento
A liberdade prende o delinqüente,
E arrastando a misérrima corrente
Em um só ponto de equilíbrio alcança
Todo o fiel da sólida balança.

Da sala superior teto dourado
Já se destina ao público Senado,
Que o Governo econômico dispensa.