12 | Odes Modernas |
Elle não sabe o nome de seus Fados,
Nem vê de frente a face do seu guia.
Onde o levam os deuses indignados?
Isto so lhe escurece a luz do dia!
Por isso verga ao peso dos cuidados;
Duvida e cahe, luctando em agonia:
E, se lhe é dado que supplique e adore,
Também é justo que blaspheme e chore!
Já que vamos, é bom saber aonde...
O grão de pó, que o simoun levata,
E leva pelo ar e envolve e esconde,
Tambem, no turbilhão, se agita e espanta,
Tambem pergunta aonde vai e d'onde
O traz a tempestade que o quebranta...
E o homem, bago d'agua pequenino,
Tambem tem voz na onda do destino!
Porque os evos, rolando, nos lançaram
Sobre a praia dos tempos, esquecidos,
E, naufragos d'uma hora, nos deixaram
postos ao ar, sem tecto e sem vestidos.
Estamos. Mas que ventos nos deitaram
E com que fim, aqui, meio partidos,
Se um Acaso, se Lei nos céos escripta...
Eis o que a mente humana em vão agita!