ODES MODERNAS

VI

Se um dia chegaremos, nós, sedentos,

A essa praia do eterno mar-oceano,

Onde lavem seu corpo os pastulentos,

E farte a sêde, emfim, o peito humano?

Oh! diz-me o coração que estes tormentos

Chegarão a acabar: e o nosso engano,

Desfeito como nuvem que desanda,

Deixará vêr o céo de banda a banda!

Felizes os que choram! alguma hora

Seus prantos seccarão sobre seus rostos!

Virá do céo, em meio d’uma aurora,

Uma aguia que lhes leve os seus desgostos!

Ila-de alegrar-se, então, o olhar que chora...

E os pés de ferro dos tyrannos, postos

Na terra, como torres, e firmados,

Se verão, como palhas, levantados!