E curvos alamares, grande e vário;
Eurímaco, artefata gargantilha
De electro e ouro, como o Sol fulgente;
Eurídamas, dous brincos de três gemas;
O régio Politórides Pisandro,230
Colar brilhante; os mais seus dons presentam.
Sobe ela, e tudo as fâmulas carregam.

Em danças e tangeres permanecem;
E, quando aponta Vésper, três lucernas
Acendem, sêca lenha em roda, a bronze235
Pouco há fendida, e archotes acrescentam:
As servas por seu turno o fogo atiçam.

Cauto o herói: «Vós do triste ausente escravas,
Ide, ou fusos torcendo ou lãs cardando,
Aliviar a augusta soberana.240
Do lume para todos me encarrego,
Bem que os ache a velar a pulcra aurora;
Pois, avezado, a lidas não fraqueio.»

Riram-se umas olhando para as outras,
E o insultou Melântia, gentil prole245
De Dólio, de Penélope em menina
Como filha amimada, e ingrata sempre
Á criação, de Eurímaco era amásia:

«Mentecapto, o argúi, tu nem te abrigas
De um fabro na oficina ou vil baiúca,250
Nem de galrar te pejas entre os grandes:
Turba-te o vinho, ou louco, ou vitorioso
De Iros, ufano estás. Pode um, que surja,
Calamocado e em sangue rechaçar-te.»

Ele a mediu: «Cachorra, esse descôco,255
Para em peças Telemacho picar-te,
Lho contarei.» De susto e esmorecidas,
Crendo que era verdade, pela sala
Vão-se a tremer. Atento e em pé vigia
Nas lucernas Ulysses, mas revolve260
No âmago planos, que írritos não foram.
Prosseguem nos insultos, porque Palas
Quer do Laércio o peito mais pungido.

Eurímaco de Pólibo chasqueia
E excita o riso: «O coração vos abro,265