Clarissimos rivais. Foi certo um nume
Que o dirigiu de Ulysses á morada:
Na cabeça não tendo um só cabelo,
A lisa calva é mais uma lanterna.»
E vôlto ao forte urbífrago: «Salário270
Enjeitarás, vindiço, em minha herdade,
Sebes tecendo e árvores plantando?
Que! só no mal sabido e preguiçoso,
Preferes mendigar de porta em porta,
Por cevares o ventre insaciavel.»275

«Se em jejum, diz o herói, té vir a tarde,
Fouce na mão, nos longos vernais dias,
Num vasto campo, Eurímaco, apostássemos,
Roçaria eu mais erva. Junta eu reja
De bois iguais, robustos e medrados,280
A charrua a puxar por quatro jeiras;
Verás ceder-me a gleba, e como rasgo
Profundos regos. Se hoje o grã Satúrnio,
Guerra ateando armasse-me de escudo
E lanças e éreo casco, antessignano285
Ver-me-ias combater, sem que exprobrares
A penuria e pobreza. És nímio injusto,
Nímio orgulhoso; bravo te apregoam,
Porque estás entre poucos e cobardes:
Surja Ulysses; as portas, bem que largas,290
Ser-te-iam todas para a fuga estreitas.»

Eurímaco em furor, carrega o vulto:
«Ah! mísero, teu mal te aumento agora.
De galrar não te pejas entre os grandes:
Turba-te o vinho, ou louco, ou vitorioso295
De Iros, ufano estás.» Eis do escabelo,
Subtraído o Laércio aos pés de Anfínomo,
O golpe do escanção na destra bate;
Supino cai chorando, e o jarro tine.
Tumultuam na sala umbrosa os procos,300
A dizer: «Que alvorôto lamentavel!
Longe antes perecesse o vagabundo!
Que rixemos consegue um vil mendigo,
E o prazer dos festins dessaboreia.»

Enérgico Telemacho: «Insensatos!305