Anciã no mal provada e oficiosa.»

E ela: «Nunca de amaveis peregrinos
Tive outrem como tu: quanto proferes
Siso respira. No infeliz conservo
A ama discreta, que, nascido apenas,270
Da mãe o recebera e amamentara:
Inda que fraca, os pés lavar-te pode.
Anda, Euricléia, este coevo banha
De teu senhor: talvez que elle tal seja
E dos pés e das mãos; pois no infortúnio275
Rapidamente os homens envelhecem.»

Tapa a nutriz o lagrimoso rosto
A soluçar: «Ai filho, em vão te anseio!
Pio embora, és de Jove o detestado!
Ninguém tantas queimou sucosas coxas,280
Nem lhe deu mais solenes hecatombes,
Viver quando rogava longa vida
E teu filho educar; mas o Tonante
Sumiu-te a luz da volta! Alhures, zombam
Ah! dele, amigo, em pórticos soberbos,285
Outras como as que foges despejadas.
Lavo-te os pés, não só porque mo ordena
De Icário a boa filha, mas de grado,
Por mera compaixão. Têm vindo muitos
Peregrinantes cá; nenhum, te afirmo,290
A Ulysses como tu se assemelhava,
No meneio e no andar, em voz e em gesto.»

Cauteloso a atalhou: «Sim, todos eram
Desse teu mesmo aviso.» Reluzente
Bacia a velha toma, onde água fresca295
Vaza e a fervente em cima. Ao lar no escuro
Senta-se vôlto Ulysses, receoso
Que a cicatriz o arcano revelasse.
Ela, o senhor banhando, essa conhece
Marca do alvo colmilho de um javardo,300
Quando ao Parnaso visitou seus tios
E avô materno Autólico, entre os homens
No pilhar e jurar manhoso e mestre;
Por Mercurio assistido, a quem de chibos
E anhos queimava as agradaveis coxas.305