Da condição comum qualquer valido,
Se a Parca o empolga para o sono eterno.»

Telemacho atalhou: «Mentor, cessemos,
Bem que isso me interessa: aparecer-nos
Veda-lhe o seu destino. De outro assunto190
Me esclareça Nestor, que em três idades
Se diz que reina, excele na justiça,
É na presença um deus. Como foi morto
O rei dos reis? como um varão mais forte
De Egistho ao braço pereceu doloso?195
Onde era Menelau? Certo, ó Nelides,
Longe errava da Argolida ao momento
Que a tal flagicio o pérfido arrojou-se.»

Então Nestor: «Sabê-lo vais, meu filho.
Ponderas bem; se á volta o louro Atrida200
Inda o encontrasse, a Egistho sobre a cova
Ninguém terra espargira, e na campanha
Tivera sido a cães e abutres pasto,
Sem que uma só mulher chorasse o monstro.
Nós em altas façanhas, elle estava,205
Lá num retiro de Argos pascigosa,
A seduzir em ocio com branduras
A nobre Clitemnestra, que a princípio
Resistiu, roborada na virtude
Por um poeta que, ao partir, o esposo210
Ao lado lhe deixou; mas, quando Egistho
Pôs numa ilha deserta o Aonio aluno,
Que o Céo votara ás aves de rapina,
De grado ela se foi do amante á casa:
Conseguido o que nunca obter cuidava,215
Muita perna de rês queima nas aras,
Muita imagem pendura, alfaias, ouros.
Parto com Menelau, que me era unido;
Próximo ao sacro promontório Súnio,
Febo asseteia-lhe o Onetório Frôntis,220
Que meneava o leme, sem segundo
Em dirigir a proa nas tormentas.
Bem que á pressa, em Atenas celebrados
O enterro e funerais, o Atrida segue
Pelo sombrio pelago, e nas águas225