Para o sangue aparar Perseu tem vaso;
Ora o pai, água esparge e farro pio,
Ao fogo lança da cabeça o pêlo.

Finda a prece, o Nestório Trasimedes,
Rápido os nervos cervicais talhando,350
As forças lhe dissolve; em gritos rompem
Filhas e noras, a pudica esposa,
Eurídice, a maior das de Clímeno;
Do chão vasto a novilha erguem, sustentam,
E Pisístrato príncipe a degola:355
Mana o sangue da vítima, que expira.
Partem-na; e, como é rito, as cérceas coxas
Cobrem de pingue dúplice camada,
Postas várias por cima; o velho as torra,
Negro vinho entornando; ao pé mancebos360
Bons espetos sustêm qüinqüedentados.
Ossos combustos, vísceras comidas,
Picam-se as carnes, que enroscadas assam,
Os pontudos espetos revirando.
Filha menor, a bela Policasta365
O hospede lava; e, de óleo perfumado,
Ele, em túnica nova e gentil manto,
Saiu do banho com divino aspecto,
Junto abancou-se do pastor de povos.

Pronto o assado e o banquete, os mais prestantes370
O vinho em copos de ouro em pé transfundem.
Repleta a fome e a sede, ei-lo o Gerênio:
«Filhos, ora a Telemacho parelha
Crinita ao carro atai.» — Sem mais delonga,
Jungidos os corcéis, mete a caseira375
Pão, vinho, provisões que os reis costumam;
Sobe Telemacho á formosa biga;
Da juventude príncipe, o Nestório
Pisístrato a seu lado as rédeas move
E açouta os brutos, que por gosto arrancam380
Da árdua Pilos formosa. O dia inteiro
De uma e outra banda o jugo não sossega,
Té que, ao Sol posto, em Feres se dirigem
A Díocles, de Ortíloco nascido,
Que o foi do rio Alfeu: lá pernoitaram385