Se obténs prendê-lo, como a rota sigas,
E se o queres também, de Jove aluno,
Os maus ou bons domésticos sucessos
Durante errores teus no instavel pego —
Eu porém: — Com que insídias surpreendê-lo310
Poderei, sem que fuja ao pressentir-me?
Não é para mortaes vencer a numes. —

«A guapa nympha continua: Atende.
Ao meridiano Sol, do salso abismo,
Hirtas sobre a cabeça as fuscas ondas,315
Surde o ancião de Zéfiro aos sonidos;
Numa espelunca dorme, e em torno juntos
Ápodes focas de Halosidna bela,
A exalarem ascosa maresia.
N’alva, hei de colocarte em sítio azado,320
Com três que elejas da valente frota.
Seus ardis eu te expendo. Cinco a cinco,
Ronda e enumera as focas, e no meio
Deita-se qual pastor com seu rebanho;
Sopita-se depois. De jeito e força325
Os agarreis, bem que anele escapulir-se;
E em serpe ao converte-se, em água, em fogo
Tende-o mais duro e firme, até que o velho,
Já volto á prima forma, a interpelar-te
Comece. Inquire então que nume avesso330
Te fecha o mar piscoso. — Ei-la mergulha;
N’alma comoto, ás naus varadas corro.
Depois da ceia, inteira a noite amena
Pela praia arenosa adormecemos.

«Já vermelha a manhã, do imenso lago335
Á borda chego a suplicar os deuses,
Mais três seguros destemidos socios.
Para enganar o pai, do fundo a nympha
De focas sai com frescas peles quatro;
Camas na areia escava, á espera tem-se;340
Vê-nos enfim, nas camas nos concerta,
A cada qual em sua pele enfronha.
Tetra cilada! os focas trescalavam
Nutridos na salsugem: de um cetáceo
Quem pode ao pé jazer? útil a deusa,345