I
Entre os monumentos públicos de certa povoação de que, por prudência, calarei o nome, e à qual não quero dar qualquer nome suposto, existe um, que foi outrora comum à maior parte das cidades, grandes ou pequenas: é o asilo de mendicidade. Um dia, do qual não é necessário precisar a data, tanto mais que ela nenhuma importância tem para o leitor, nasceu nesse asilo de mendicidade o pequeno mortal cujo nome se vê no cabeçalho dêste capitulo.
Por muito tempo ainda, depois que o cirurgião dos pobres da paróquia o introduziu neste mundo de atribulação e de dôr, se duvidou bastante se a pobre criança viveria o tempo suficiente para vir a usar qualquer nome: se tivesse morrido, é mais que provável que estas memórias nunca tivessem sido publicadas, ou, se o tivessem sido, compreendendo como certamente aconteceria apenas algumas páginas, teriam tido o mé-
