OS MAIAS
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A resposta tardou. Quando o primo André procurara M.me de l’Estorade, havia semanas que ella partira para Allemanha, depois de vender mobilia e cavallos. E no Club Imperial, a que elle pertencia, um amigo que conhecia bem M.me de l’Estorade e a vida galante de Paris, contara-lhe que a doida fugira com um certo Catanni, acrobata do Circo d’Inverno nos Campos Elyseos, homem de fórmas magnificas, um Appolo de feira, que todas as cocottes se disputavam e que a Monforte empolgára. Naturalmente corria agora a Allemanha com a companhia de cavallinhos.

Affonso da Maia, enojado, remetteu esta carta ao Villaça sem um commentario. E o honrado homem respondeu: «Tem V. Ex.ª rasão, é atroz: e mais vale suppor que todos morreram, e não gastar mais cera com tão ruins defuntos...» E depois n’um post-scriptum accrescentava: «Parece certo abrir-se em breve o caminho de ferro até ao Porto: em tal caso, com permissão de V. Ex.ª, ahi irei e o meu rapaz a pedirmos-lhe alguns dias d’hospitalidade.»

Esta carta foi recebida em S.ta Olavia um domingo, ao jantar. Affonso lera alto o P. S. Todos se alegraram, na esperança de ver o bom Villaça em breve na quinta; e fallou-se mesmo em arranjar um grande pic-nic, rio acima.

Mas, terça feira á noite, chegava um telegramma de Manuel Villaça annunciando que o pae morrera, n’essa manhã, d’uma apoplexia: dois dias depois vinham mais longos e tristes pormenores. Fora depois do almoço