OS MAIAS
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seu cognac e soda. Agora que tencionas tu fazer?

— ­Agora, general? respondeu Carlos, sorrindo e pousando o copo. Descançar primeiro e depois passar a ser uma gloria nacional!

Ao outro dia, com effeito, Affonso veiu encontral-o na sala de bilhar — ­onde tinham sido collocados os caixotes — ­a despregar, a desempacotar, em mangas de camisa e assobiando com enthusiasmo. Pelo chão, pelos sophás, alastrava-se toda uma litteratura em rumas de volumes graves; e aqui e além, por entre a palha, através das lonas descozidas, a luz faiscava n’um crystal, ou reluziam os vernizes, os metaes polidos de apparelhos. Affonso pasmava em silencio para aquelle pomposo apparato do saber.

— ­E onde vaes tu accommodar este museo?

Carlos pensara em arranjar um vasto laboratorio alli perto no bairro, com fornos para trabalhos chimicos, uma sala disposta para estudos anatomicos e physiologicos, a sua bibliotheca, os seus apparelhos, uma concentração methodica de todos os instrumentos de estudo...

Os olhos do avô illuminavam-se ouvindo este plano grandioso.

— ­E que não te prendam questões de dinheiro, Carlos! Nós fizemos n’estes ultimos annos de Santa Olavia algumas economias...

— ­Boas e grandes palavras, avô! Repita-as ao Villaça.

As semanas foram passando n’estes planos de installação.