OS MAIAS
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— ­Que perguntavas tu, filho? disse emfim Affonso erguendo-se, ainda irritado, a buscar tabaco para o cachimbo, sua consolação nas derrotas. O Ega? Não, ninguem o viu, não tornou a apparecer! Está tambem um bom ingrato, esse John...

Ao nome do Ega, Villaça, parando de baralhar as cartas, erguera a face curiosa:

— ­Então sempre é certo que elle vae montar casa?

Foi Affonso que respondeu, sorrindo e accendendo o cachimbo:

— ­Montar casa, comprar coupé, deitar libré, dar soirées litterarias, publicar um poema, o diabo!

— ­Elle esteve lá no escriptorio, dizia Villaça recomeçando a baralhar. Esteve lá a indagar o que tinha custado o consultorio, a mobilia de velludo, etc. O velludo verde deu-lhe no gôto... Eu, como é um amigo da casa, lá lhe prestei informações, até lhe mostrei as contas. — ­E respondendo a uma pergunta do Sequeira: — ­Sim, a mãe tem dinheiro, e creio que lhe dá o bastante. Que em quanto a mim, elle vem-se metter na politica. Tem talento, falla bem, o pae já era muito regenerador... Alli ha ambição.

— ­Alli ha mulher, disse D. Diogo, collocando com peso esta decisão e accentuando-a com uma caricia languida á ponta frisada dos bigodes brancos. Lê-se-lhe na cara, basta vêr-lhe a cara... Alli ha mulher.

Carlos sorria, gabando a penetração de D. Diogo, o seu fino olho á Balzac; e Sequeira, logo, franco como velho soldado, quiz saber quem era a Dulcinea.