foi só quando vio o Figaro celebrar repetidamente as walsas do principe Artoff, embaixador da Russia em Paris, e a voz de basso do conde de Baspt, embaixador d’Austria em Londres, que elle, seguindo tão altos exemplos, arriscou, aqui e alem, em soirées mais intimas, algumas melodias filandezas. Emfim cantou no Paço. E desde então exerceu com zelo, com formalidades, com praxes, o seu cargo de «barytono plenipotenciario,» como dizia o Ega. Entre homens, e com os reposteiros corridos, Steinbroken não duvidava todavia cantarolar o que elle chamava «cançonetas brejêras» — o Amant d’Amanda, ou uma certa ballada ingleza:
On the Serpentine,
Oh my Caroline...
Oh!
Este oh! como elle o expellia, gemido, bem puxado, n’um movimento de batuque, expressivo e todavia digno... Isto entre rapazes e com os reposteiros fechados.
N’essa noite, porém, o marquez, que o conduzia pelo braço á sala do piano, exigia uma d’aquellas canções da Filandia, de tanto sentimento e que lhe faziam tão bem á alma...
— Uma que tem umas palavrinhas de que eu gosto, frisk, gluzk... La ra lá, lá, lá!
— A Primavera, disse o diplomata sorrindo.
Mas antes de entrar na sala, o marquez soltou o braço de Steinbroken, fez um signal ao Silveirinha para o fundo