E o milagre fez-se. Mezes depois, o Jacobino, o Marat, voltava de Santa Olavia um pouco contricto, enfastiado sobretudo d’aquella solidão, onde os chás do brigadeiro Senna eram ainda mais tristes que o terço das primas Cunhas. Vinha pedir ao pae a benção, e alguns mil cruzados, para ir a Inglaterra, esse paiz de vivos prados e de cabellos d’ouro de que lhe fallara tanto a tia Fanny. O pae beijou-o, todo em lagrimas, accedeu a tudo fervorosamente, vendo ali a evidente, a gloriosa intercessão de Nossa Senhora da Soledade! E o mesmo Frei Jeronymo da Conceição seu confessor, declarou este milagre — não inferior ao de Carnaxide.
Affonso partiu. Era na primavera — e a Inglaterra toda verde, os seus parques de luxo, os copiosos confortos, a harmonia penetrante dos seus nobres costumes, aquella raça tão séria e tão forte — encantaram-n’o. Bem depressa esqueceu o seu odio aos sorumbaticos padres da Congregação, as horas ardentes passadas no café dos Romulares a recitar Mirabeau, e a Republica que quizera fundar, classica e voltarianna, com um triumvirato de Scipiões e festas ao Ente Supremo. Durante os dias da Abrilada estava elle nas corridas d’Epsom, no alto d’uma sege de posta, com um grande nariz postiço, dando hurrahs medonhos — bem indifferente aos seus irmãos de Maçonaria, que a essas horas o sr. infante espicaçava a chuço, pelas viellas do Bairro Alto, no seu rijo cavallo d’Alter.
Seu pae morreu de subito, elle teve de regressar