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OS MAIAS

Carlos sorriu, subiu logo ao quarto a escrever um cheque — ­em quanto Ega procurava cuidadosamente um bonito botão de rosa para florir a sobrecasaca. Carlos não tardou, trazendo na mão o cheque, que alargara até cento e vinte libras, para o Ega ficar armado...

— ­Seja pelo amor de Deus, menino! disse o outro, embolsando o papel, com um bello suspiro de allivio.

Immediatamente trovejou contra o Eusebiosinho, esse villão! Mas tinha já uma vingança. Ia remetter-lhe a somma toda em cobre, n’um sacco de carvão, com um rato morto dentro, e um bilhete, começando assim: — ­ascorosa lombriga e immunda osga, ahi te atiro ao focinho, etc...

— ­Como tu podes consentir aqui, usando as tuas cadeiras, respirando o teu ar, aquelle ser repulsivo!...

Mas era até sujo mencionar o Eusebiosinho!... Quiz saber dos trabalhos de Carlos, do grande livro. Fallou tambem do seu Atomo: — ­e, por fim, n’uma voz differente, applicando o monocolo a Carlos:

— ­Dize-me outra cousa. Porque não tens tu voltado aos Gouvarinhos?

Carlos tinha só esta rasão: não se divertia lá.

Ega encolheu os hombros. Parecia-lhe aquillo uma puerilidade...

— ­Tu não percebeste nada, exclamou elle. Aquella mulher tem uma paixão por ti... Basta que se pronuncie o teu nome, sobe-lhe todo o sangue á cara.

E como Carlos ria, incredulo, Ega, muito grave,