OS MAIAS
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— ­Então que querem vocês, é nervoso! É por ser a brincar... Se fosse a valer, vocês veriam.

Assim acabava sempre a lição; e ficava depois abatido sobre uma banqueta de marroquim, arejando-se com o lenço, pallido como a cal dos muros.

— ­Vou-me até casa, disse elle d’ahi a pouco, fatigado de tanto crusar de ferro. Queres alguma cousa, Carlinhos?

— ­Quero que venhas cá jantar ámanhã... Tens o marquez.

— ­Chic a valer... Não faltarei.

Mas faltou. E, como toda essa semana aquelle moço ponctual não appareceu no Ramalhete, Carlos sinceramente inquieto, julgando-o moribundo, foi uma manhã a casa d’elle, á Lapa. Mas ahi, o creado (um gallego achavascado e triste, que, desde as suas relações com os Maias, Damaso trazia entalado n’uma casaca e mortalmente aperreado em sapatos de verniz) affirmou-lhe que o sr. Damasosinho estava de boa saude, e até sahira a cavallo. Carlos veiu então ao tio Abrahão; o tio Abrahão tambem não avistara, havia dias, aquelle bom senhor Salcede, that beautiful gentleman! A curiosidade de Carlos levou-o ao Gremio: no Gremio nenhum creado vira ultimamente o sr. Salcede. «Está por ahi de lua de mel com alguma bella andaluza» pensou Carlos.

Chegara ao fim da rua do Alecrim quando viu o conde de Steinbroken que se dirigia ao Aterro, a pé, seguido da sua vittoria a passo. Era a segunda vez que o diplomata fazia exercicio depois do seu desgraçado