estirára, e quiz saber a opinião de Carlos sobre o grande acontecimento d’essa manhã na Gazeta Illustrada. — Na Gazeta Illustrada?... Carlos não sabia, essa manhã não vira jornal nenhum.
— Então não lhe digam nada, gritou o marquez. Venha a surpreza! Cá ha a Gazeta? Manda buscar a Gazeta!
Taveira puxou o cordão da campainha; — e quando o escudeiro trouxe a Gazeta, elle apoderou-se d’ella, quiz fazer uma leitura solemne.
— Deixa-lhe vêr primeiro o retrato, berrou o marquez, erguendo-se.
— Primeiro o artigo! exclamava o Taveira, defendendo-se, com o jornal atraz das costas.
Mas cedeu, e poz o papel deante dos olhos de Carlos, largamente, como um sudario desdobrado. Carlos reconheceu logo o retrato do Cohen... E a prosa que se alastrava em redor, encaixilhando a face escura de suissas retintas, era um trabalho de seis columnas, em estylo emplumado e cantante, celebrando até aos céus as virtudes domesticas do Cohen, o genio financeiro do Cohen, os ditos d’espirito do Cohen, a mobilia das salas do Cohen; havia ainda um paragrapho alludindo á festa proxima, ao grande sarau de mascaras do Cohen. E tudo isto vinha assignado — J. da E. — as iniciaes de João da Ega!
— Que tolice! exclamou Carlos, com tedio, atirando o jornal para cima do bilhar.
— É mais que tolice, observou Craft; é uma falta de senso moral.