OS MAIAS
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Carlos tomou-lhe a mãosinha e beijou-lh’a, — ­perguntando se a boneca tambem estava doente.

— ­Cri-cri tambem teve dôr, respondeu ella muito séria, sem tirar d’elle os seus magnificos olhos. Eu já não tenho...

Estava com effeito fresca como uma flor, com a lingoasinha muito rosada, e a sua vontade já de lunchar.

Carlos tranquillisou miss Sarah. Oh, ella via bem que mademoiselle estava boa. O que a assustara fôra achar-se ali só, sem a mamã, com aquella responsabilidade. Por isso a tinha deitado... Oh se fosse uma creança ingleza saía com ella para o ar... Mas estas meninas estrangeiras, tão debeis, tão delicadas... E o labiosinho gordo da ingleza trahia um desdem compassivo por estas raças inferiores e deterioradas.

— ­Mas a mamã não é doente?

Oh, não! Madame era muito forte. O senhor, esse sim, parecia mais fraco...

— ­E, como se chama a minha querida amiga? perguntou Carlos, sentado à cabeceira do leito.

— ­Esta é Cri-cri, disse a pequena, apresentando outra vez a boneca. Eu chamo-me Rosa, mas o papá diz que eu que sou Rosicler.

— ­Rosicler? realmente? disse Carlos sorrindo d’aquelle nome de livro de cavallaria, rescendente a torneios, e a bosques de fadas.

Então, como colhendo simplesmente informações de medico, perguntou a miss Sarah se a menina sentira a mudança de clima. Habitavam ordinariamente Paris, não é verdade?