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OS MAIAS

Affonso, para lhe fazer a confidencia dos seus achaques; mas como Damaso se mettia entre elles, fallando ainda da Mist, decidindo que a Mist era chic, querendo apostar cinco libras pela Mist contra o campo — ­o marquez terminou por se voltar, enfastiado, dizendo que o sr. Damazosinho se estava a dar ares patuscos... Apostar pela Mist! Todo o patriota devia apostar pelos cavallos do visconde de Darque, que era o unico criador portuguez!...

— ­Pois não é verdade, sr. Affonso da Maia?

O velho sorrio, amaciando o seu gato.

— ­O verdadeiro patriotismo talvez, disse elle, seria, em logar de corridas, fazer uma boa tourada.

Damazo levou as mãos á cabeça. Uma tourada! Então o sr. Affonso da Maia preferia touros a corridas de cavallos? O sr. Affonso da Maia, um inglez!...

— ­Um simples beirão, sr. Salcede, um simples beirão, e que faz gosto n’isso; se habitei a Inglaterra é que o meu rei, que era então, me pôz fóra do meu paiz... Pois é verdade, tenho esse fraco portuguez, prefiro touros. Cada raça possue o seu sport proprio, e o nosso é o toiro: o toiro com muito sol, ar de dia santo, agua fresca, e foguetes... Mas sabe o sr. Salcede qual é a vantagem da toirada? É ser uma grande escola de força, de coragem e de destreza... Em Portugal não ha instituição que tenha uma importancia egual á tourada de curiosos. E acredite uma cousa: é que se n’esta triste geração moderna ainda ha em Lisboa uns rapazes com certo musculo, a espinha direita,