OS MAIAS
425

elegancia, um perfume de côrte... Depois, lá em baixo, aquelle maravilhoso Tejo... Sem fallar na importancia do apuramento das raças cavallares...

— ­Pois não é verdade, meu Carlos? Tu que entendes superiormente d’isso, que és um mestre em todos os sports, sabes bem que o apuramento...

— ­Sim, com effeito, o apuramento, muito importante... — ­disse Carlos, vagamente, erguendo-se a olhar outra vez a tribuna.

Eram quasi tres horas, e agora, de certo, ella já não vinha: e a condessa de Gouvarinho não apparecia tambem... Começava a invadil-o uma grande lassitude. Respondendo, com um leve movimento de cabeça, ao sorriso doce que lhe dava da tribuna a Joaninha Villar, pensava em voltar para o Ramalhete, acabar tranquillamente a tarde dentro do seu robe-de-chambre, com um livro, longe de todo aquelle tédio.

No entanto, ainda entravam senhoras. A menina Sá Videira, filha do rico negociante de sapatos d’ourello, passou pelo braço do irmão, abonecada, com o arsinho petulante e enojado de tudo, fallando alto inglez. Depois foi a ministra da Baviera, a baroneza de Craben, enorme, empavoada, com uma face macissa de matrona romana, a pelle cheia de manchas côr de tomate, a estalar dentro d’um vestido de gorgorão azul com riscas brancas: e atraz o barão, pequenino, amavel, aos pulinhos, com um grande chapéo de palha.

D. Maria da Cunha erguera-se para lhes fallar: e