OS MAIAS
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para passeios romanticos á Foz, ou visitas furtivas a algum casebre da Aguardente... Mas a idéa d’uma noite, n’um hotel, em Santarem!

Terminou por encolher os hombros, indignado. Como queria ella, n’uma linha de caminho de ferro em que se encontra constantemente gente conhecida, apear-se com elle na estação de Santarem, dar-lhe o braço, maritalmente, e enfiarem para uma estalagem? Ella, porém, pensára em todos os detalhes. Ninguem a conheceria, disfarçada n’um grande water-proof, e com uma cabelleira postiça.

— ­Com uma cabelleira!?

— ­O Gastão! murmurou ella de repente.

Era o conde, por traz d’elle, abraçando-o ternamente pela cintura. E quiz logo saber a opinião do amigo Maia sobre as corridas. Bastante animação, não é verdade? E bonitas toilettes, certo ar de luxo... Emfim, não envergonhavam. E ahi estava provado o que elle sempre dissera, que todos os requintes da civilisação se aclimatavam bem em Portugal...

— ­O nosso solo moral, Maia, como o nosso solo physico, é um solo abençoado!

A condessa voltara para o pé de D. Maria. E Telles da Gama, passando de novo, n’aquella faina ruidosa em que o trazia a formação da sua poule, chamou Carlos para a tribuna, para elle tirar o seu bilhete, e apostar com as senhoras...

— ­Oh Gouvarinho! venha tambem d’ahi, homem! exclamou elle. Que diabo! É necessario animar isto, é até patriotico.