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OS MAIAS

Não, Carlos não gracejava. Estava até prompto a apostar tudo por Vladimiro.

— ­Você aposta por Vladimiro? gritou Telles da Gama, voltando-se vivamente.

Carlos, por divertimento, sem mesmo saber por quê, declarou que tomava Vladimiro. Então, em roda, foi uma surpreza; e todo o mundo quiz apostar, aproveitar-se d’aquella phantasia de homem rico, que sustentava um potro verde, de tres quartos de sangue, a que o proprio Darque chamava pileca. Elle sorria, aceitava; terminou ate por erguer a voz, proclamar Vladimiro contra o campo. E de todos os lados o chamavam, n’uma sofreguidão de saque.

— ­Mr. de Maia, dix tostons.

— ­Parfaitement, madame.

— ­Oh Maia, você quer meia libra?

— ­Ás ordens.

— ­Maia, tambem eu! Ouça lá... Tambem eu!... Dous mil réis.

— ­Ó sr. Maia, eu vou dez tostões...

— ­Com o maior prazer, minha senhora...

Ao longe os cavallos davam a volta, na subida do terreno. Rabbino já desapparecera, — ­e Vladimiro n’um galope a que se sentia o cançasso, corria só na pista. Uma voz elevou-se, dizendo que elle manquejava. Então Carlos, que continuava a tomar Vladimiro contra o campo, sentiu que lhe puxavam de vagar pela manga; voltou-se; era o secretario de Steinbroken, chegando subtilmente a tomar tambem parte no saque á bolsa do Maia, propondo dous soberanos, em