OS MAIAS
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E as noticias do administrador enfureciam sempre Maria: o papá estava optimo; tinha agora um cosinheiro francez explendido; St.ª Olavia enchera-se de hospedes, o Sequeira, André da Ega, D. Diogo Coutinho...

— ­O Barbatanas trata-se! ia ella dizer ao pae com rancor.

E o velho negreiro esfregava as mãos, satisfeito de o saber assim feliz em St.ª Olavia; porque nunca cessara de tremer á idéa de ver em Arroios, deante de si, aquelle fidalgo tão severo e de vida tão pura.

Quando porém Maria teve outro filho, um pequeno, o socego que então se fez em Arroios trouxe de novo muito vivamente ao coração de Pedro a imagem do pae abandonado n’aquella tristeza do Douro. Fallou a Maria de reconciliação, a medo, aproveitando a fraqueza da convalescença. E a sua alegria foi grande, quando Maria, depois de ficar um momento pensativa, respondeu:

— ­Creio que me havia de fazer feliz tel-o aqui...

Pedro, enthusiasmado com um assentimento tão inesperado, pensou em abalar para St.ª Olavia. Mas ella tinha um plano melhor: Affonso, segundo dizia o Villaça, devia recolher em breve a Bemfica; pois bem, ella iria lá com o pequeno, toda vestida de preto, e de repente, atirando-se-lhe aos pés, pedir-lhe-hia a benção para seu neto! Não podia falhar! Não podia, realmente; e Pedro viu alli uma alta inspiração de maternidade...

Para abrandar desde jà o papá, Pedro quiz dar ao