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OS MAIAS

morrera n’um duello, e o velho Monforte espichára da bexiga. Ella estava então com um rapaz chamado Trevernnes — n’uma casa bonita, no Parc Monceaux, em grande chic... Mulher extraordinaria! E não se envergonhava de confessar que lhe devia obrigações! Quando essa rapariga, a Clemence, que era um encanto, adoecera do peito, a Monforte trazia-lhe flôres, frutas, vinhos, fazia-lhe companhia, velava-a como um anjo... Porque lá isso coração largo e generoso até alli! Esta, a filha, a D. Maria, tinha então sete ou oito annos, linda como os amores... E houvera uma outra pequena do italiano, muito galantinha tambem. Oh! muito galantinha tambem! Mas morrera em Londres, essa...

— E com esta Maria andei muitas vezes ao collo, meu caro senhor... Não sei se ella ainda se lembra d’uma boneca que eu lhe dei, que fallava, dizia Napoléon... Era no bello tempo do Imperio, até as desavergonhadas das bonecas eram imperialistas! Depois, quando ella estava em Tours, no convento, fui lá duas vezes com a mãi. Já então os meus principios me não permittiam entrar n’esses covis religiosos: mas emfim fui acompanhar a mãi... E quando ella fugiu com o irlandez, o Mac-Gren, foi commigo que a mãi veio ter, furiosa, a querer que eu chamasse o commissario de policia para se prender o irlandez. Por fim metteu-se n’um fiacre, foi para Fontainebleau, lá fez as pazes, viviam até juntos... Emfim uma série de trapalhadas.