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Monteiro Lobato

E agua a cair. E a trovoada a escalejar echos pela morraria intermina. E o meu amigo, tão calmo sempre, o alegre, a exasperar-se :

— Raio de peste de tempo desgraçado! Já não posso almoçar em Vassouras amanhã, como pretendia.

— Chuva de corda não dura hora, consolei-o.

— Sim, mas é possivel alcançar o tal] pouso do Alonso inda hoje ?

Consultei o patacão.

— Cinco e meia! É tarde. Em vez de Alonso temos que gramar o Aleixo. E dormir com as bruxas, mais a alma do capitão infernal.

— Inda é o que vale, philosophou’o impenitente Jonas. Que assim ao menos temos o que contar amanhå.

 

II

O temporal durou meia hora, e ao cabo amainou, os relampagos espacejados e os trovões a roncarem muito longe dalli. Apesar de proxima a noite inda tinhamos uma hora de luz para sondar o terreno.

— Ha de morar aqui por perto algum urumbeva, disse eu. Não existe tapera sem lacraia. Vamos a cata desse bemdito urupe.

Encavalgamos de novo e saimos a rodear a fazenda.

— Acertaste, amigo! exclamou de repente Jonas, divisando uma casinhola erguida entre moitas a duzentos passos de distancia.