Os NEGROS

33

— Pois repare nelle. Tem uns olhos...

— E' teu namorado ?

— Quem me dera !...

Foi essa a abertura do jogo. E assim, aos poucos, em dosagem habil, hoje uma palavra, amanhă outra, no espirito de Izabel nasceu a curiosidade — passo numero um do amor.

Um dia Izabel quiz ver-me :

— Falas tanto nesse Fernão – nos olhos desse Fernão, que estou curiosa de vel-os.

E viu-me.

Eu estava no engenho, dirigindo a moagem da canna, quando ambas entraram, de copo na mão. Vinham com o pretexto da garapa.

Liduina achegou-se a mim e :

— Seu Fernão, uma garapinha de espuma para sinhá Izabel.

A menina olhou-me de frente mas eu não lhe pude sustentar o olhar, Baixei os meus olhos, conturbado. Eu tremia, balbuciava apenas, nessa ebriez do primeiro encontro.

Dei ordens aos pretos e logo escorreu da bica um jacto fofo de garapa espumejante. Tomei o copo da mão da mucama, enchi-o e offereci-o á naiade. Ella o recebeu com sympathia, bebeu aos golinhos, e pagou-me o serviço com um "obrigada" gentil, olhando-me de novo nos olhos.

Pela segunda vez baixei os meus, perturbado.

Sahiram.

Mais tarde Liduina contou-me o resto—um pequenino dialogo.