Os NEGROS

45

Conformei-me, por fim. E hoje... o mundo inteiro para mim está aqui, nestas montanhas.

Izabel comprehendeu-me a intençào e quiz perguntar porque. Mas não teve animo. Saltou para outro assumpto :

— Porque motivo só as pitangas desta arvore prestam ? As outras são tão azedas...

— Vae ver, disse eu, que esta arvore é feliz e as outras não. O que azeda os homens e as coisas é a desgraça...

— E é azedo, o senhor?

— Fui, como limão, logo que vim para cá. Hoje... sou amargo...

— Julga-se infeliz?

— Mais do que nunca.

Izabel arriscou-se :

— E porque ?

Respondi intrepidamente :

— Dona Izabel que é menina rica não imagina a posição desgraçada de quem é pobre. O pobre forma neste mundo uma casta maldicta, sem direito a coisa nenhuma. O pobre não pode nada...

— Pode sim, uma coisa...

— ?

— Enriquecer. Imagino que os ricos antes de o serem foram pobres.

— Nào falo da riqueza do dinheiro. Essa é facil de alcançar, depende apenas de esforço e habilidade. Falo de coisas mais preciosas que o oiro. Um pobre, tenha o coração que tiver, seja