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MONTEIRO LOBATO

Acompanhavam-no dois feitores, como sombras.

Entrou e fechou a porta sobre si.

Parou á distancia.

Olhou-me.

Sorriu.

— Vou te dar uma bella noiva, disse.

E num gesto aos megarefes :

— Amarrem-no !

Despertei da vacuidade. O instincto de conservação retezou-me todas as energias, e mal os capangas vieram a mim atirei-me a elles com furor de onça femea a quem roubam os cachorrinhos.

Não sei quanto tempo durou a lucta horrorosa ; sei apenas que, a tantas, perdi os sentidos, ás violentas pancadas que me racharam a cabeça.

Quando despertei, pela madrugada, vi-me por terra, com os pés doridos entalados no tronco. Levei a mão aos olhos sujos de pó e sangue e entrevi ao meu lado, no extremo do madeiro hediondo, um corpo desmaiado de mulher.

Era Liduina...

Percebi ainda que havia mais gente por alli.

Olhei.

Dois homens de picareta abriam um largo rombo na espessa parede de taipa.

Outro, um pedreiro, misturava cal e areia, no chăo, rente a uma pilha de tijollos.

O fazendeiro tambem estava, de braços cruzados, dirigindo o serviço. Vendo-me desperto, approximou-se do meu ouvido e murmurou com