Os NEGROS

53

— Uma fera ! Para apanhar negro fugido, nada melhor.

— Nào compro nabos em saccos, disse o capitào. Experimentemol-o primeiro.

Ergueu os olhos para o terreiro que fulgurava ao sol. Deserto. A escravaria inteira na roça. Mas naquelle momento o portão abriu-se e um preto velho entrou, cambaio, de jacá ás costas, rumo ao chiqueiro dos porcos. Era um estropiado do eito que pagava o que comia tratando da criação.

O fazendeiro teve uma idéa. Tirou o cão da corrente e atiçou-o no preto.

— Péga, Vinagre !

O animal partiu como bala, e instantes depois ferrava o pobre velho dando com elle em terra. Estraçalhou-o...

— O fazendeiro sorria-se com enthusiasmo.

E' de primeira, disse ao sujeito. Dou-lhe cem mil réis pelo Vinagre.

E como o sujeito, assombrado d'aquelles processos, lamentasse a desgraça do estraçalhado, o capitão fez cara de espanto :

— Ora bolas! Um caco de vida...

XXII

Pois foi esse homem que vi subitamente penetrarn o meu quarto, essa noite, logo depois que se sumiu Liduina deixando-me vazio de pensamento.