Fazia-se nesta altura a colheita pelos donos da casa e tudo abalava de roldão, em risadas alegres, em demanda de novo auditório.
Seguiam-se os Reis, de que damos, colhidos na mesma veia popular os cânticos, entoados por córos de vozes em diálogo:
1. |
Já lá vem (n)a Barca Nova,
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Que fizeram (n)os pelingrinos.
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2. |
Vai Nossa Senhora nela,
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Toda cheia de cravinhos.
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1. |
Já lá vem (n)a Barca-Nova,
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Que fizeram (n)os pastores.
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2. |
Vai Nossa Senhora nela,
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Toda cheia de felôres.
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1. |
Já lá vem (n)os tres Cavaleiros,
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Que fazem sombra no mar.
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2. |
Sam os tres do Oriente,
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Que a Jesus vem buscar.
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1. |
Não o encontraram na vila,
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Nem tam pouco no logar,
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Fôram dar com ele em Roma
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Revestido no altar..
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Já não haverá senão vagas reminiscências por alguns recantos perdidos de Portugal destas costumeiras representativas de doces e tranquilas crenças. As cerimónias do Natal, como as da Semana Santa, como tantas outras festas do culto católico, eram sempre pretexto para uma expansão de sentimentos de suave