66 : OS VILHANCICOS :
de verga onde, entre palhinhas, estava deitado o Menino. Risos, atenções e, feito o silencio, os moços que principiavam agrupados em córos:
1. |
Ó meu Menino Jesus,
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Ó meu Menino tam belo,
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2. |
Onde vieste a nascer
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No rigor do caramelo.
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1. |
A Virgem quando caminha,
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Caminha para Belem,
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2. |
Co seu Menino nos braços,
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Que lhe pede de comer.
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1. |
Não ha que comer, Menino,
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Não ha que comer, meu bem.
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2. |
Lá em cima está uma quinta,
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Ó que ricas maçãs que tem!
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O quinteiro, que nela assiste,
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Cego é, que nada vê.
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1. |
Dá-me uma maçã, quinteiro,
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Pró meu Menino comer.
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3. |
Entre a Senhora cá dentro,
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Coma mil, quantas quiser.
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1. |
A Senhora como humilde,
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Não comeu mais que três:
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Uma deu ao seu Menino,
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Outra deu a S. José,
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Outra ficou no regaço,
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Para a Senhora comer.
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2. |
O menino comia a maçã,
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E o cego se punha a ver.
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1. |
Quem te deu a vista, cego?
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Quem te fez tam grande bem?
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1. |
Foi a Virgem Nossa Senhora,
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Mais seu Menino tambem![1].
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- ↑ Colhido na tradição oral directamente, em Niza, terra natal do autor. A lingoagem peculiar da localidade, a toada da música, ainda hoje tam divulgada e conhecida, os trajos, a ocasião, tudo ajuntava encanto sui generis à representação ingénua dêstes cânticos do Natal e dos Reis.