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á fé catholica, e Rubruquis tambem declara que na Tartaria encontrou nestorianos que viviam debaixo das leis do Prestes João.

Embora tudo o que se narrava nos livros de Marco Polo estivesse envolvido nos véos do maravilhoso, é certo que esta semi-realisação do Presbyter Johannes estava longe de corresponder ao ideal que d’elle se formára. O personagem legendario não encontrava positivamente n’um descendente chamado Jorge, subdito do Grão-Khan e chefe de uma especie de tribu nestoriana, uma encarnação satisfatoria. Continuou portanto a fluctuar por todo o Oriente, e, como de certo havia noticia vaga da existencia de um povo christão para os lados da Ethiopia, foi para esse lado que se transferiu a localisação da lenda, pois que a India, na edade média, como dissemos, abrangia, pode-se dizer, toda a Asia, parte da Ethiopia, e a indeterminação da residencia do rei legendario caracterisava-se bem com a denominação que se lhe dava de Prestes João das Indias.

Não se imagine portanto que é simplesmente um rei christão perdido no meio da onda musulmana e do paganismo que se procura, o que se procura é o reino maravilhoso das lendas millenarias, é a terra estranha onde tudo floresce com extraordinario viço, onde o oiro, a prata e as pedras preciosas fulguram por todos os lados, onde se vive como que n’um antecipado Paraizo. Procuram-n’o logo na Africa, ao