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ilhas no oriente da India actuou nos sabios do seculo XV, e foi uma das esperanças de Christovão Colombo e um dos pontos de apoio de Toscanelli para a sua theoria da possibilidade da viagem que Colombo emprehendeu, porque, dizia elle, ainda que o continente asiatico estivesse mais longe do que se suppunha, sempre se encontrariam no caminho ilhas que servissem de porto de escala e de arribação[1].

Ah! essas ilhas conjecturaes da edade média como serviram aos historiadores superficiaes para procurar attenuar a gloria dos Portuguezes e a gloria de Colombo! Brotavam das ondas mysteriosas como brota a espuma da vaga que se desfaz nos rochedos. Por aquelle Oceano tenebroso que se estendia para o Occidente, nas ondas do ignoto mar indico, por muito tempo considerado, e ainda no tempo dos primeiros descobrimentos portuguezes, como um mar mediterraneo, pelo mar ignorado do Norte semeava a imaginação dos cartographos quantas ilhas ideara a phantasia antiga, a phantasia dos troubadours ou dos trouvéres e a dos mysticos! Lá appareciam, como dissemos, as ilhas das fabulosas riquezas, a Chrysé, a Argyra, Ophir, que talvez bem se possa classificar

  1. «Colloquei, diz Toscanelli na carta que escreveu a Colombo e referindo-se ao mappa que mandou ao rei de Portugal, defronte (das costas da Irlanda e da Africa) direito a oeste o principio das Indias com as ilhas e os logares a que poderia abordar.»