lado do altar erguido pâra a primeira missa, no ilhéo de Porto Seguro, na justa occasião de se desnublar a encantadora plaga aos olhos avidos do mundo, e que assás poeticamente nos evoca os romanescos e scintillantes episodios, tão celebrados nesses maravilhosos tempos de Vera Cruz e de Santa Cruz [1]...

Não só no Brasil, como outrosim nos novos dominios de ultramar, simultaneamente com essa bandeira (a da ordem de Christo) e com aquella em que se via a esphera armillar manuelina, usavam-se duas outras, de egual modo brancas e constituidas: a primeira, pêlas quinas simplesmente, e a segunda, pêla corôa portugueza superposta aos escudos de Portugal e Algarves — armas essas que formavam o emblema antigo e supremo da metropole.

Quasi um século e meio depois do descobrimento, feita a restauração em Portugal (1640) e após a batalha das Tabocas (1645), d. João IV conferiu a seu filho Theodosio o titulo, adrede creado, de «principe do Brasil» — denominação honorifica essa que, a partir dahi, se foi transmittindo aos primogenitos dos reis e, alêm disso, herdeiros presumptivos da corôa portugueza. Desde então, por esse acto, se elevou o Brasil á categoria de principado, muito embora honorario, na verdade [2]. E ficou sendo a sua bandeira particular: em campo branco, a aurea esphera armillar de d. Manuel — divisa que a êste principe fôra dada por el-rei d. João II, «quando lhe ordenára casa» [3].

  1. «Aly era com o Capitam a bandeira de Christos com que sayo de Belem, a qual esteve sempre alta aa parte do avamjelho.» (Carta de Pero Vaz de Caminha a el-rei d. Manuel, edição pâra o Instituto Historico e Geographico da Bahia, pêlo 4º centenário da descoberta do Brasil, Bahia, 1900, versão no portuguez da epoca, pág. VII).
  2. A respeito do principado brasilico, encontra-se, no appendice, a nota B.
  3. D. Antonio Caetano de Sousa, Historia genealogica da casa real portugueza, tom. 3.º, Lisboa, 1737 (o 1º vol. é de 1735), livro IV, cap. V, pág. 243; idem, ibidem, tom. 4º, 1738, liv. V, cap. IV, págs. 193 e 194; e Damião de Goes, Chronica do serenissimo senhor rei d. Manuel, Lisboa, 1749, 1ª parte, cap. V, pág. 6.