Taes foram, no decorrer dos tempos do Brasil-colonia, as quatro principaes insignias que os nossos maiores viram tremular nestas aventurosas paragens, sem aqui nos referirmos (é claro) ás bandeiras de outras nações que, de alguma sorte, dominaram no Brasil, nem tampouco ás bandeiras secundárias, como as navaes, mercantes, coloniaes, etc.[1]. Todavia, consoante o nosso entender, é a bandeira da ordem de Christo — «sinal de nossas spirituaes e temporaes victorias», na phrase do historiador João de Barros[2] — a que melhor caracteriza essa idealista e abnegada época da nossa história, em que se procura estabelecer uma nova conquista e infundir uma outra fé...
2ª phase (Brasil-reino). — Quando Napoleão I, esse heroe-tyranno, a esplender como um astro portentoso, preponderando em quasi toda a Europa e ameaçando o mundo com os seus sonhos de conquista, fez invadir Portugal pêlo exército chefiado por Junot, viu-se a família real na contingência de abandonar Lisboa e acolherse ao Rio de Janeiro, onde se installou o govêrno (1808). O principe-regente, ulteriormente d. João VI, comquanto viva a rainha mãe (aliás considerada incapaz de reinar), era, de facto, o rei, deixando o nosso paiz de ser colonia, a bem dizer, desde que, em boa hora pâra nós, chegou a côrte ás plagas brasileiras. Apenas mais tarde, porem (como se sabe), é que foi o Brasil publicamente proclamado reino, pela carta de lei expedida do paço de S. Christovam, em dezembro do mesmo anno (1815)[3] em que Napoleão I fôra vencido e aprisionado em Waterloo...
- ↑ Relativamente ás armas de Portugal, lê-se uma pequena memória destacada, no appendice, nota C.
- ↑ João de Barros, Décadas da Asia, Lisboa, 1752, vol. 1ª, liv. V, cap. I, folh. 86 v.
- ↑ Visconde de Porto Seguro, Historia geral do Brasil, tom. 2º, secção LI, pág. 1103. Nessa mesma página, em nota, diz: «Dando-lhe por armas a esfera armillar manuelina, com as quinas; armas que já encontramos no seculo anterior; v. gr. em moedas da Africa portugueza de 1770 (¼ de macuta).»