imagem o poeta, revivendo essa quadra que se foi, arrebatadoramente invocava nos versos populares:
«Auri-verde pendão de minha terra,
Que a briza do Brasil beija e balança,
Estandarte que á luz do sol encerra
As promessas divinas da esperança...
Tu que da liberdade após a guerra
Foste hasteado dos heroes na lança,
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...» [1]
Essa foi a triumphante e immorredoura bandeira de Pedro I, o nosso emancipador político, e de Pedro II, o rei-philosopho, o protector das sciencias, das letras e das artes, o «modelo pâra todos os soberanos do mundo», na phrase de Gladstone[2].
A justa visão das cousas demonstra-nos que ella possuia, antes do mais, dous meritos seguros e brilhantes; alêm de estheticamente apreciavel, era logicamente historica, Porque, evocando a nossa natureza esplendida e fecunda, com o ouro rútilo do nosso solo e o verde glorioso da nossa fora, expressiva e conjuntamente representava: o Brasil-colonia, na cruz da ordem de Christo; o Brasil-reino, na esphera armillar de d. João VI; e o Brasil-imperio, na corôa imperial e no escudo respectivo, em que symetricamente se dispunham, em torno da orla azul, as estrellas de prata, symbolizadoras das provincias de então, Com respeito aos ramos de café e tabaco, que se viam unidos pêlo laço imperial, melhor fôra não os houvessem inscripto na bandeira; porêm elles significavam,
- ↑ Castro Alves, A cachoeira de Paulo Affonso, Rio de Janeiro, poesia
O navio negreiro, pág. 169. - ↑ B. Mosse, Dom Pedro II, empereur du Brésil, Paris, 1889, cap. XVI pàg. 410.