Com a só leitura dessas páginas interessantes, fica-se sabendo, entre outras cousas, que, na organização da bandeira actual, houve o seguinte:
- «1.º Desprezo, ou ignorancia da tradição historica.
- 2.º Erro capital de astronomia.
- 3.° Grave menoscabo da esthetica.»[1]
No tocante ao primeiro reparo, sabemos que, na bandeira e nas armas da República, foram abolidos ou pervertidos os velhos e sagrados symbolos da nossa nacionalidade! Com relação à segunda censura, cuja veracidade é, por certo, das mais tristes consequencias, provou Eduardo, á evidência, que a bandeira está errada. «Está errada na direcção da Ecliptica, nas posições das estrellas, de todas as estrellas, sem exceptuar uma só»[2], É que o astropomo official pintou o aspecto do céo, não da maneira por que o devêra fazer de preferencia, isto é, reproduzindoo de uma carta celeste, mas, sim, tirado, a trouxe-mouxe, de um globo celeste, o que, afinal, deu um céo ás avéssas, meio apocalyptico, meio truanesco, qual ninguem jámais o viu![3]
Ora, si queriam organizar uma bandeira positivamente certa (e não positivamente errada, como a actual), «pontuada por vinte e uma estrellas, entre ils quaes as da constellação do Cruzeiro, dispostas na sua situação astronomica, quanto á distancia e ao tamanho relativos, representando os vinte Estados da Republica e o municipio Neutro»[4], —— por que não constituiram ou nomearam uma commissão de homens capazes e responsaveis, para esse
- ↑ Eduardo Prado, A bandeira nacional, cit., introd., págs. 5 e 6.
- ↑ Idem, ibidem, págs. 44 e 45. Os auctores da bandeira actual declararam que a Caixa em que está inscripta a legenda era a ecliptica. Ás vezes, declaram tambem que é o zodiaco. Quer se trate de uma, quer de de outro, o êrro é patente.
- ↑ A parte astronomica vai tratada, mais desenvolvidamente, na outra divisão do livro.
- ↑ Expressões do decr. n. 4, de 19 de novembro de 1889.