— 103 —

mulher de um ferreiro abastado, e que já não trabalhava, disse um dia a mess Lethierry:

— Daqui em diante chamarei Nancy á sua filha.

— Porque não lhe chamará Lons-le-Saulnier? disse elle.

A bella senhora não desistio, e no dia seguinte disse-lhe:

— Decididamente não queremos que ella se chame Deruchette. Achei um lindo nome: Marianne.

— Lindo nome realmente, disse mess Lethierry, mas composto de dous animaes bem ruins, um mari (marido) e um ane (asno).

Lethierry manteve o nome de Deruchette.

Enganar-se-hia aquelle que concluisse pelas ultimas palavras de Lethierry que elle não queria casar a sobrinha. Queria casa-la, de certo, mas ao seu modo. Queria um marido da sua tempera, muito trabalhador, de maneira que Deruchette não fizesse nada. Gostava das mãos tostadas do homem e das mãos alvas da mulher. Para que Deruchette não estragasse as lindas mãos que tinha, dava-lhe occupações elegantes, mestre de musica, piano, bibliotheca e bem assim alguma linha e agulhas em uma cestinha de costura.

Deruchette lia mais do que cosia, cantava e tocava mais do que lia. Mess Lethierry queria isso mesmo. Não lhe pedia nada mais que o encanto a fascinação. Educou-a mais para ser flôr do que para ser mulher. Quem tiver estudado os marinheiros ha de comprehender isto. As rudezas amam as delicadezas. Para que a sobrinha realizasse o ideal do tio, era preciso que fosse opulenta. Era isso o que