— Rantaine, o senhor tem uma calça americana com duas algibeiras. N’uma dellas tem o seu relogio. Guarde-o.
— Obrigado, Sr. Clubin.
— Na outra ha uma caixinha de ferro batido, que abre e fecha por molas. É uma velha boceta de marinheiro. Tire-a do bolso, e atire-a para cá.
— Mas isto é um roubo!
— Póde chamar a guarda.
E Clubin fixou os olhos em Rantaine.
— Olhe, mess Clubin.... disse Rantaine dando um passo e estendendo a mão aberta.
Mess era uma lisonja.
— Fique onde está, Rantaine.
— Mess Clubin, arranjemos as cousas. Offereço-lhe metade.
Clubin executou um crusar de braços, mostrando a bocca do revolver.
— Rantaine, quem pensa que eu sou? Sou um homem honrado.
E acrescentou depois de uma pausa.
— Quero tudo.
Rantaine disse entre dentes:
— É temivel este.
Entretanto acenderam-se os olhos de Clubin. A voz tornou-se cortante como o aço. Disse elle:
— Creio que se engana. O seu nome é que é Roubo, o meu é Restituição. Ouça, Rantaine. Ha dez annos, sahio o senhor de Guernesey á noite tomando da caixa de uma sociedade cincoenta mil francos que lhe pertenciam, e esquecendo de lá deixar cincoenta mil francos que pertenciam a outro. Esses