alguns bois apenas. Os bois foram postos no porão e bem mal arranjados.
Haviam a bordo seis passageiros: um guernesiano, dous maloenses vendedores de animaes, um tourista, como já se dizia nesse tempo, um parisiense meio burguez, provavelmente tourista do commercio, e um americano distribuidor de Biblias.
A Durande, sem contar Clubin, tinha sete homens de tripolação; um timoneiro, um carvoeiro, um marinheiro carpinteiro, um cozinheiro, manobrista quando era preciso, dous trabalhadores da machina e um grumete. Um dos penultimos era tambem mecanico. Era um valente e intelligente negro hollandez, evadido das fabricas de assucar de Surinam; chama-se Imbrancam. O negro Imbrancam comprehendia e servia admiravelmente a machina. Nos primeiros tempos, contribuio elle não pouco, quando apparecia na fornalha, para dar um ar diabolico á Durande.
O timoneiro, jerseyano de nascimento, originario da costa, chamava-se Tangrouille. Tangrouille era de alta nobreza.
É verdade isto. As ilhas da Mancha são, como a Inglaterra, paizes hierarchicos. Ainda existem castas nessas ilhas. As castas tem as suas idéas, que são os seus dentes. Essas idéas são as mesmas em toda a parte, na India, como na Allemanha. A nobreza conquista-se pela espada e perde-se pelo trabalho. Conserva-se pela ociosidade. Não fazer cousa alguma, é viver fidalgamente; quem não trabalha é reverenciado. Officio faz decahir. Na França de outr’ora só se exceptuavam os operarios de vidro. Sendo gloria para os fidalgos esvasiar garrafas, fazel-as não era deshonra alguma.