do mar annuncia um medo que tudo espera. Inquietação. Angustia. Terror profundo das aguas. Subitamente, o furacão, como uma besta, desce a beber no oceano; sorvo inaudito, a agua sóbe para a boca invisivel, fórma-se uma ventosa, incha o tumor; é a tromba, o Prester dos antigos, stalactite em cima, stalagmite em baixo, duplo cone inverso girante, uma ponta equilibrada em cima de outra, beijo de duas montanhas, uma montanha de espuma que se levanta, uma montanha de nuvem que desce; coito medonho da vaga e da sombra. A tromba, como a columna da Biblia, é tenebrosa de dia e luminosa de noite. Diante da tromba cala-se o trovão. Parece que tem medo.
Ha uma escala na vasta turvação das solidões; temivel crescendo; a brisa, a lufada, a borrasca, o temporal, a tormenta, a tempestade, a tromba; as sete cordas da lyra do vento, as sete notas do abysmo. O céo é uma largura, o mar é um arredondado; passa um vento, já não ha nada disso, tudo é furia e confusão.
Taes são aquelles severos sitios.
Os ventos correm, voam, abatem-se expiram, revivem, pairam, assoviam, rugem, riem: freneticos, lascivos, desvairados, tomam conta da vaga irascivel. Tem harmonia esses berradores. Tornam sonoro todo o céo. Sopram nas nuvens como n’um metal; embocam o espaço, e cantam no infinito, com todas as vozes amalgamadas dos clarins, buzinas e trombetas, uma especie de tangeres prometheanos. Quem os ouve, ouve Pan.