— 78 —

Elle olhava para a pieuvre, a pieuvre olhava para elle.

De repente o bicho desprendeu do rochedo a sexta antenna e atirando-a sobre Gilliatt procurou agarra-lhe o braço esquerdo.

Ao mesmo tempo esticou vivamente a cabeça. Mais um segundo, e a sua boca applicar-se-hia sobre o peito de Gilliatt. Gilliatt sangrado no corpo e preso pelos braços, estava morto.

Mas Gilliatt vigiava. Espreitado, espreitava.

Evitou a antenna, e no momento em que o bicho ia agarrar-lhe o peito, a sua mão armada abateu-se sobre o bicho.

Houve duas convulsões em sentido inverso, a da pieuvre e a de Gilliatt.

Foi luta de dous relampagos.

Gilliatt mergulhou a ponta da faca na viscosidade chata e com um movimento giratorio semelhante á torção de uma chicotada, fazendo um circulo á roda dos dous olhos arrancou a cabeça como quem arranca um dente.

Estava acabado.

O bicho cahio.

Parecia uma roupa que se desprende. Destruida a bomba aspirante, desfez-se o vacuo. As quatrocentas ventosas largaram ao mesmo tempo o rochedo e o homem. Aquelle andrajo foi ao fundo d’agua.

Gilliatt, offegante da luta, pôde vêr a seus pés em cima das pedras do fundo dous montes gelatinosos e informes, a cabeça de um lado, o resto de outro. Dizemos resto, porque não se poderia dizer corpo.