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Entrevia-se, quanto a esse homem, o guarda-costa 619, um drama tragico. Clubin talvez não representasse nelle, mas descobriam-no nos bastidores.

Nem tudo se explicava pela fraude. Havia um revolver sem emprego. O revolver entrou talvez no caso do guarda.

O faro do povo é fino e acertado. O instincto publico é habil nestas restaurações da verdade feitas de pedaços soltos. Sómente, nesses factos, de que resultava uma fraude verosimil, haviam sérias incertezas.

Tudo concordava; mas não havia base.

Não se perde um navio pelo gosto de perdel-o. Não se correm os riscos do nevoeiro, do escolho, do nadar, do refugio, e da fuga, sem um interesse. Qual seria o interesse de Clubin?

Via-se o acto, não se via o motivo.

Dahi vinha a duvida a muitos espiritos. Onde não ha motivo, parece que não ha acto.

A lacuna era grave.

Ora a carta de Rantaine vinha preencher a lacuna.

A carta dava o motivo de Clubin. Queria roubar setenta e cinco mil francos.

Rantaine era o Deus ex machina. Descia das nuvens com uma vela na mão.

A carta era o esclarecimento final.

Explicava tudo essa carta, e demais a mais annunciava uma testemunha, Ahier-Tostevin.

Cousa decisiva, sabia-se agora o emprego do revolver. Rantaine estava incontestavelmente informado de tudo. A sua carta fazia tocar tudo com o dedo.

Nenhuma attenuante possivel na malvadeza de Clubin. Premeditára o naufragio, e a prova era a mala