— 125 —

dá a belleza! Ter ares do avarento! Talvez que ella te diga:—Pois que! tiraste as flôres do meu jardim, e agora as tiras do meu chapéo!—Ai triste! condemnal-a aos vestidos velhos! A mesa de familia é silenciosa. Parece-te que te querem mal. Os rostos amados parecem preoccupados. Eis o que é a decadencia. Cumpre-te morrer todos os dias. Cahir, não é nada, é a fornalha. Decahir, é o fogo lento.

A quéda é Waterloo; a decadencia é Santa Helena. A sorte, encarnada em Wellington, tem ainda alguma dignidade; mas quando se faz Hudson Lowe, que vilania! O destino torna-se um bigorrilhas. Vê-se o homem de Campo-Formio querelando por um par de meias de seda. Agorentou-se a Inglaterra, agorentando Napoleão.

Essas duas phases, Waterloo e Santa Helena, reduzidas ás proporções burguezas, todos as atravessam.

Na noite de que fallámos e que era uma das primeiras noites de Maio, Lethierry deixando Deruchette passear ao luar, no jardim, deitou-se mais triste que nunca.

Rolavam-lhe no espirito todas essas minucias mesquinhas e desagradaveis, complicações de fortunas ardidas, todas essas preoccupações de terceira ordem, que começam por ser insipidas e acabam lugubres. Triste accumulação de miserias. Mess Lethierry sentia a sua queda irremediavel. Que devia fazer agora? Que seria delle? Que sacrificios devia impôr a Deruchette. Quem devia despedir, Doce ou Graça? Venderia a casa? Seria obrigado a abandonar a ilha? Não ser cousa alguma onde se foi tudo, é uma decadencia insuportavel.