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e em que a noite parece escutar as palpitações da natureza. Neste recolhimento eleva-se, como uma harmonia que completa um silencio, o ruido immenso do mar.

A voz continuou:

— Senhora.

Deruchette estremeceu.

A voz continuou:

— Estou esperando.

— O que espera?

— A sua resposta.

Deos a ouviu—disse Deruchette.

Então a voz tornou-se sonora e ao mesmo tempo mais doce que nunca. Estas palavras sahiram da moita como de uma sarça ardente.

— Tu és minha noiva. Levante-te e vem. Que o teto azul, onde estão os astros, assista a esta aceitação da minha alma pela tua alma, e que o nosso primeiro beijo se misture ao firmamento!

Deruchette levantou-se e ficou um instante immovel e com o olhar fixo diante de si, fitando, sem duvida, outro olhar. Depois, a passos lentos, com a cabeça erguida, os braços pendentes e os dedos das mãos abertos, como quando se caminha para um amparao desconhecido, ela dirigio-se para a moita e desappareceu.

Um instante depois, em vez de uma sombra na areia, havia, duas, confundiam-se ambas, e Gilliatt via a seus pés o abraço daquellas duas sombras.

O tempo corre de nós como de uma ampulheta, e nós não temos o sentimento dessa fuga, sobretudo em certos instantes supremos. De um lado aquelle